Saiba quem é Malala
Yousafzai, a paquistanesa que desafiou os talibãs
Ela foi baleada na cabeça aos 15 anos por defender a
educação feminina. Ganhadora de diversos prêmios, jovem é cotada para o Nobel
da Paz.
Do G1,
em São Paulo
Premiada por
diversas organizações recentemente – como o respeitado Prêmio Sakharov para a
Liberdade de Pensamento, do Parlamento Europeu e o Nobel da Paz, a paquistanesa
Malala Yousafzai, de 16 anos, não conquistou sua notoriedade de maneira fácil.
A jovem se tornou conhecida ao mundo há um ano, após ser baleada na cabeça por
talibãs ao sair da escola.
O
ataque aconteceu no dia 9 de outubro. Malala seguia em um ônibus escolar. Seu
crime foi se destacar entre as mulheres e lutar pela educação das meninas e
adolescentes no Paquistão – um país dominado pelos talibãs, que são contrários
à educação das mulheres.
No Vale de Swat,
no noroeste do país profundamente conservador, onde muitas vezes se espera que
as mulheres fiquem em casa para cozinhar e criar os filhos, as autoridades
afirmam que apenas metade das meninas frequentam a escola - embora este número
fosse ainda menor, de 34%, segundo dados de 2011.
Malala cresceu e
nasceu neste contexto. No início de sua infância, a situação ainda era melhor,
com a educação das meninas sendo realizada sem muito questionamento. Nos anos
2000, entretanto, a influência do talibã se tornou cada vez maior, até que o
grupo dominou a região, em 2007.
Em 2008, o líder
talibã local emitiu uma determinação exigindo que todas as escolas
interrompessem as aulas dadas às meninas por um mês. Na época, ela tinha 11
anos. Seu pai, que era dono da escola onde ela estudava, e sempre incentivou
sua educação, pediu ajuda aos militares locais para permanecer dando aulas às
meninas. Entretanto, a situação era tensa.
Naquela época,
um jornalista local da BBC perguntou ao pai de Malala se alguns jovens estariam
dispostos a falar sobre sua visão do problema. Foi quando a menina começou a
escrever um blog, "Diário de uma Estudante Paquistanesa", no qual
falava sobre sua paixão pelos estudos e as dificuldades enfrentadas no
Paquistão sob domínio do talibã.
O blog era
escrito sob um pseudônimo, mas logo se tornou conhecido. E Malala não tinha
receios em falar em público sobre sua defesa da educação feminina.
Os posts para a
BBC duraram apenas alguns meses, mas deram notoriedade à menina. Ela deu
entrevistas a diversos canais de TV e jornais, participou de um documentário e
foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz da Infância em 2011. Na época, ela
não ganhou – mas foi laureada com o mesmo prêmio em 2013.
A família de
Malala sabia dos riscos – mas eles imaginavam que caso houvesse um ataque, o
alvo seria o pai da menina, Ziauddin Yousafzai, um ativista educacional
conhecido na região.
Quando houve o ataque,
a situação já estava mais calma – os talibãs já haviam perdido o controle do
Vale do Swat para o exército, em 2009. Por isso, o tiro levado pela menina foi
ainda mais chocante.
No dia 9 de
outubro, Malala deixou sua escola e seguiu para o ônibus que a levava para
casa. Posteriormente, ela contou ter achado estranho o fato de as ruas estarem
vazias. Pouco depois, dois jovens subiram no ônibus, perguntaram por ela e
dispararam. Além de Malala, outras duas meninas também foram baleadas.
A menina foi socorrida
e levada de helicóptero para o hospital militar de Peshawar. Relatos da época
apontam que Malala ainda ficou consciente, apesar do tiro ter atingido sua
cabeça, mas que se mostrava confusa.
Sua condição
piorou, e ela precisou passar por uma cirurgia. O caso passou a ser acompanhado
por todo o mundo, e o próprio governo do Paquistão passou a ter mais atenção.
Um grupo de médicos britânicos que estava no país foi convidado para avaliar a
situação de Malala, e sugeriram que a menina fosse transferida para Birmingham,
onde receberia tratamento e teria mais chances de se recuperar.
A chegada de
Malala ao Reino Unido aconteceu seis dias após o ataque. Ela foi mantida em
coma induzido, e quando despertou, dez dias depois, logo demonstrou estar
consciente, procurando questionar onde estava e o que havia ocorrido, mesmo
estando entubada e não podendo falar.
A jovem ainda
passou por uma segunda cirurgia, e sua recuperação foi surpreendente, segundo
os médicos. Havia riscos de sequelas cognitivas e problemas na fala e no
raciocínio, mas Malala escapou do ocorrido sem problemas.
A jovem teve
alta apenas em janeiro, e continuou o tratamento na Inglaterra, onde passou a
viver com sua família. Atualmente, ela frequenta uma escola na cidade de
Birmingham.
Embora Malala
tenha recebido muito apoio e elogios ao redor do mundo – incluindo diversas
manifestações contra o ataque, no Paquistão a resposta para a sua ascensão ao
estrelato foi mais cética, com alguns acusando-a de agir como um fantoche do
Ocidente. Mesmo estando na Inglaterra, ela continuou a receber diversas ameaças
dos talibãs.
O governo do
Paquistão chegou a identificar alguns dos talibãs que teriam participado do
ataque, mas ninguém permaneceu preso.
Diálogo
Recentemente, em
entrevista à BBC, Malala disse que "a melhor maneira de superar os
problemas e lutar contra a guerra é através do diálogo. Esse não é um assunto
meu, esse é o trabalho do Governo (...) e esse é também o trabalho dos
EUA".
A jovem
considerou importante que os talibãs expressem seus desejos, mas insistiu que
"devem fazer o que querem através do diálogo. Matar, torturar e castigar
gente vai contra o Islã. Estão utilizando mal o nome do Islã".
Em sua
entrevista à "BBC", Malala também assegura que ela gostaria de voltar
algum dia ao Paquistão para entrar na política.
"Vou ser
política no futuro. Quero mudar o futuro do meu país e quero que a educação
seja obrigatória", disse a jovem, que há alguns meses pronunciou um
discurso na ONU e foi acompanhada pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido, o
trabalhista Gordon Brown.
"Mas para
mim o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa
simples: educar a próxima geração", insistiu. "Acredito que
alcançarei este objetivo porque Alá está comigo, Deus está comigo e salvou a
minha vida".
"Eu espero
que chegue o dia em que o povo do Paquistão seja livre, tenha seus direitos,
paz e que todas as meninas e crianças vão à escola", ressaltou a menor, se
expressando com eloquência e muita segurança cada vez que fala da situação em
seu país.
Apesar das
ameaças, Malala reiterou seu desejo de voltar ao Paquistão da Grã-Bretanha,
para onde foi levada depois de ser baleada na cabeça e onde frequenta a escola.
"O mau de
nossa sociedade e de nosso país", declarou em referência ao Paquistão,
"é que sempre esperam que venha outra pessoa" para consertar as
coisas.
Malala admitiu
que a Grã-Bretanha causou em sua família uma grande impressão,
"especialmente em minha mãe, porque nunca havíamos visto mulheres tão
livres, vão a qualquer mercado, sozinhas e sem homens, sem os irmãos ou os
pais".
Após a
entrevista, os talibãs paquistaneses acusaram Malala de não "ter
coragem" e prometeram que vão atacá-la novamente se tiverem uma chance.
"Nós atacamos Malala porque ela falava contra os talibãs e o Islã e não
porque ela ia à escola", explicou Shahid, referindo-se ao blog que Malala
escrevia na "BBC" e que lhe valeu reconhecimento internacional.
Luta pública
Seu primeiro
pronunciamento público ocorreu em julho deste ano, nove meses após o ataque,
quando fez um discurso na Assembleia de Jovens da ONU. Na ocasião, ela reforçou
que não será silenciada por ameaças terroristas. "Eles pensaram que a bala
iria nos silenciar, mas eles falharam", disse em um discurso no qual pediu
mais esforços globais para permitir que as crianças tenham acesso a escolas.
"Nossos livros e nossos lápis são nossas melhores armas", disse ela
na oportunidade. "A educação é a única solução, a educação em primeiro
lugar".
"Os
terroristas pensaram que eles mudariam meus objetivos e interromperiam minhas
ambições, mas nada mudou na vida, com exceção disto: fraqueza, medo e falta de
esperança morreram. Força, coragem e fervor nasceram", completou.
Na época, Gordon
Brown, ex-primeiro-ministro britânico e enviado especial da ONU para a
educação, elogiou Malala como "a garota mais corajosa do mundo" ao
apresentá-la à Assembleia de Jovens da ONU.
Após o discurso,
um alto comandante do talibã paquistanês escreveu uma carta a Malala acusando-a
de manchar a imagem de seu grupo e convocando-a a retornar para casa e a
estudar em uma madraça. Adnan Rasheed, um ex-membro da força aérea que entrou
para os quadros do TTP, disse que gostaria que o ataque não tivesse ocorrido,
mas acusou Malala de executar uma campanha para manchar a imagem dos
militantes.
"É incrível
que você esteja gritando a favor da educação; você e a ONU fingem que você foi
baleada por causa da educação, mas esta não é a razão... não é pela educação,
mas sua propaganda é a questão", escreveu Rasheed. "O que você está
fazendo agora é usar a língua para acatar ordens dos outros."
Na carta,
Rasheed também acusou Malala de tentar promover um sistema educacional iniciado
pelos colonizadores britânicos para produzir "asiáticos no sangue, mas
ingleses por gosto", e disse que os alunos devem estudar o Islã, e não o
que chama de "currículo secular ou satânico".
"Aconselho
você a voltar para casa, a adotar a cultura islâmica e pashtun, a participar de
qualquer madraça islâmica feminina perto de sua cidade natal, a estudar e
aprender com o livro de Alá, a usar sua caneta para o Islã e a se comprometer
com a comunidade muçulmana", escreveu Rasheed.
Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/saiba-quem-e-malala-yousafzai-paquistanesa-que-desafiou-os-talibas.html.
Acesso em 27 de ago. 2018.
Agora que você
já leu o texto, imagine que você é um (a) repórter e trabalha ao portal de
notícias BBC e tenha que
transcrever uma entrevista feita com Malala de maneira objetiva, isso é, com
perguntas e respostas. Para tanto, elabore um parágrafo introdutório de oito
a dez linhas (tendo como base as informações do texto acima, mas não AS COPIE; isso implicará PERDA de pontos) e crie um título. Obrigatoriamente, sua
entrevista deverá ter três perguntas e três
respostas de cinco a sete linhas cada uma. Por fim, não se esqueça de deixá-la coerente, ou seja, com começo, meio e fim.
BOM
TRABALHO!!