CLASSICISMO
O
contexto de produção e algumas características
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Séculos
XV, XVI e XVII;
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Antropocentrismo
– o homem é o centro de todo o universo;
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Cultura
clássica - mitos greco-latinos e tradição cristã;
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Produção
e recepção das artes em torno dos mecenas.
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Predomínio
da razão;
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Cultivo
de formas poéticas e emprego da medida nova.
Luís Vaz de Camões – principal autor renascentista
português.
Épica
•
Os Lusíadas – exalta a grandeza histórica dos lusos
e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. Seus principais episódios são a
história trágica de Inês de Castro, o discurso do Velho do Restelo no momento
da partida, o diálogo entre Vasco da Gama e o Gigante Adamastor na passagem do
Cabo das Tormentas, e a estadia dos navegantes na Ilha dos Amores como prêmio
pelo sucesso da viagem.
Lírica – soneto,
principal forma utilizada por Camões.
Lírica amorosa
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Amor
contraditório - conflito entre amor profano e amor espiritual;
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Neoplatonismo
renascentista;
Lírica filosófica
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reflexão
sobre a vida, o homem e o mundo; a passagem do tempo.
REVISÃO
(LITERATURA) - QUINHENTISMO
•
Século
XVI – enquanto ocorria o Classicismo em Portugal, no Brasil ocorria a produção
de textos relativos ao processo de colonização;
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Importante
valor histórico;
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Registro
de informações e impressões que viajantes e missionários europeus fizeram
acerca da natureza e do brasileiro;
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Cartas
de viagem, diários de navegação e tratados descritivos;
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Não
se situam no âmbito da literatura, mas no da crônica histórica e informativa.
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A Carta de Caminha – primeiro registro; considerada a
certidão de nascimento do país. Descrições da paisagem, do índio e da terra
recém descoberta.
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A fim de recapitular o conteúdo visto em sala,
assista ao vídeo abaixo acerca do Quinhentismo:
TRECHOS DA CARTA DE CAMINHA
Senhor:
Posto que o
Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa
Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se
achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como
eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que
todos fazer.
Tome Vossa
Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que,
para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me
pareceu.
[...]
A partida
de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do
dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto
da Grã- Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de
três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou
menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S.
Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.
Na noite
seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com
sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o
capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu
mais!
E assim
seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das
Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660
ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os
quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam
botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia,
a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte,
mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã,
com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte
Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.
[...]
Dali
avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram
os navios pequenos, por chegarem primeiro.
Então
lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a
esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si.
E o
Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E
tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos
dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali
havia dezoito ou vinte homens.
Eram
pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos
traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau
Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não
pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na
costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava
na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave,
compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e
outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer
de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com
isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por
causa do mar.
[...]
A feição
deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes,
bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de
mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e
verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão,
agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a
parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali
encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou
no beber.
[...]
Esta terra,
Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta
que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que
haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar,
nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra
por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda
praia parma, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão
nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos
ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até
agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e
temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os
achávamos como os de lá.
Águas são
muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar,
dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o
melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
[...]
E nesta
maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se
algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo
dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.
E pois que,
Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa
que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a
Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a
Jorge de Osório, meu genro – o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as
mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto
Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de
1500.
Pero Vaz de Caminha
Disponível em: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/perovazcaminha/carta.htm. Acesso em:
27 de mar. de 2018.