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ATIVIDADE DE LITERATURA
Muitos
autores do século XIX e XX buscaram sugestões para suas obras nos cronistas do
século XVI. Os autores modernistas, sobretudo, fizeram uma releitura da
literatura informativa, frequentemente com intenções satíricas. Murilo Mendes,
em sua obra História do Brasil
(1932), foi um deles.
Antes
de responder às questões de 1 a 5, leia a paródia da Carta, de Pero Vaz de
Caminha (texto 1), e um trecho da carta original (texto 2).
TEXTO
1
Carta de Pero Vaz
A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço[1],
No dia seguinte nasce
Bengala de castão[2] de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados[3] não faltarão,
Vossa perna encanareis[4],
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.
MENDES,
Murilo. Murilo
Mendes —
poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1994.
TEXTO
2
Nela, até agora, não pudemos saber
que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos.
Porém, a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de
Entre-Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
As águas são muitas, infindas. E em
tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem
das águas que tem.
Porém o melhor fruto que dela se pode
tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente
que Vossa Alteza em ela deve lançar.
CAMINHA,
Pero Vaz de. A Carta. In: RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos
românticos. São Paulo: Edusp, 2002. p. 40.
1.
O adjetivo graciosa possui vários sentidos: bonita, jovial; que tem graça,
encanto, delicadeza; engraçada, divertida; que tem generosidade, liberalidade;
que concede graças, favores. Com que sentido esse adjetivo é empregado por Pero
Vaz de Caminha?
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2.
Como Murilo Mendes satiriza a famosa
expressão de Caminha “dar-se-á nela tudo”?
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3.
Parodiando a linguagem de Caminha, Murilo
utiliza formas arcaicas como o advérbio mui
(contração de muito) antes dos
adjetivos, o pronome enclítico em tem-nos
e o tratamento na segunda pessoa do plural, vós. Entretanto, a essa linguagem solene e arcaica ele mistura expressões
coloquiais e modernas, impróprias numa carta dirigida a um rei. Dê alguns
exemplos.
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4.
Que recomendação Caminha faz ao rei em sua
carta?
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5.
E que recomendação o personagem Pero Vaz,
do poema de Murilo Mendes, faz ao rei?
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A feição deles é
serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem
mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em
mostrar o rosto.
[2]
Remate superior de uma
bengala.
[3] Antiga moeda portuguesa.
[4] - engordareis. O rei “estava mal
das pernas”, isto é, sem dinheiro, “quebrado”. As riquezas do Brasil poderão
tirá-lo dessa situação.
ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9
jul. 2009.
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do
texto de Caminha, conclui-se que
a)
ambos se identificam pelas
características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento
romântico das artes plásticas.
b)
o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de
maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
c)
o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e
a cultura indígena.
d)
há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o
índio representado é objeto da catequização jesuítica.
e)
a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o
habitante das terras que sofreriam processo colonizador.