COPIAR EM UMA
FOLHA DE ALMAÇO OU IMPRIMIR AS QUESTÕES ABAIXO E ME ENTREGAR JUNTO COM AS
RESPOSTAS, À CANETA. TRABALHOS COM RESPOSTAS A LÁPIS OU SOMENTE RESPOSTAS NÃO
SERÃO ACEITOS.
A reportagem publicada no jornal “O Globo”, do dia 21 de
abril de 2010, tem como assunto principal informar sobre os problemas que
atingem os moradores do entorno de Brasília. Sobre ela, é possível afirmar que:
I. Apresenta linguagem clara e objetiva, recurso
predominante na linguagem jornalística.
II. Apesar de contrariar o princípio da imparcialidade, é
possível observar que há uma opinião pessoal do enunciador na reportagem.
III. A imagem da campanha institucional do Governo do
Distrito Federal, aliada aos seus recursos linguísticos, estabelece um paradoxo
com a informação veiculada na reportagem.
IV. O fragmento da reportagem corrobora com as informações
veiculadas na campanha institucional do Governo do Distrito Federal.
Estão corretas:
a)
I e IV.
b)
Apenas IV.
c)
I e II.
d)
I, II e III.
(FUVEST) – Texto para as questões de 2 a 5.
17 de julho
Um dia desta semana,
farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como
se descompõem os homens, acionistas e diretores, importadores e industriais,
farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio sem
quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse comigo:
- Eia, passemos em
revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias,
sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas-de-leite, cobradores,
coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
E o meu espírito,
estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do
alto, mergulhou por uma coluna abaixo. Quando voltou à tona trazia entre os
dedos esta pérola:
“Uma viúva
interessante, distinta, de boa família e independente de meios, deseja
encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e também com
meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta por carta ao
escritório desta folha, com as iniciais M. R...., anunciando, a fim de ser
procurada essa carta.”
Gentil viúva, eu não
sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu
retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales alguma cousa mais que o
comum das mulheres. Ai de quem está só! Dizem as sagradas letras; mas não foi a
religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico.
Positivo também não, porque o positivismo é infenso às segundas núpcias. Que
foi então, senão a triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar;
estás cansada de viver só.
E a cláusula de ser o
esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar,
nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os sonhadores, os que amem o
mistério e procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da
vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da
meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor
purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de
salvação, pois que exiges que também possua. E há de ser instruído, para encher
com as cousas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as mãos
presas) a tomada de Constantinopla.
Viúva dos meus
pecados, quem és tu que sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo
capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um
dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que
sentia, e explicava-se por figura: “Não é a tempestade que me aflige, é o enjôo
do mar.” Viúva minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio
contra o enjôo. Vês que a travessia ainda é longa, porque a tua idade está
entre trinta e dous e trinta e oito anos, o mar é agitado, o navio joga muito;
precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te
contentas com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, “a vida
retirada, em que a alma acha todo o seu sossego”. Tu já provaste esse
preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que
uma companhia.
(Machado de Assis, texto publicado na coluna
“A Semana”, 1892)
Questão 2
Em qual dos elementos
abaixo se baseia a imagem mais recorrente no texto?
a.
terra
b.
ar
c.
fogo
d.
sol
e.
água
Questão 3
No trecho “Ficam desde já
excluídos os sonhadores...”, entende-se que os sonhadores ficam excluídos do grupo
dos que:
a)
desejam
comprar um bilhete de loteria.
b)
têm
condições de serem escolhidos.
c)
sacrificam
os outros.
d)
querem um
diálogo de amor.
e)
amam o
mistério.
Questão 4
No trecho “...precisas de
um preparado para matar esse mal cruel e indefinível.”, o “mal” é:
a)
a falta
de amor.
b)
o enjoo
de mar.
c)
o tédio
da solidão.
d)
a saudade
do casamento.
e)
a
aproximação da velhice.
Questão 5
De acordo com o texto, o
cronista teve desejo de ver a viúva porque:
a)
ela era
distinta e interessante.
b)
ela
possuía bens que a tornavam independentes.
c)
ela
estava triste e precisava de consolo.
d)
ele
também estava cansado de viver só
e)
ela lhe
parecia superior às outras mulheres.
Questão
6
(FGV-SP – 2011)
Camões,
grande Camões, quão semelhante
Acho teu
fado ao meu, quando os cotejo!
Igual
causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar
co´o sacrílego gigante.
Como tu,
junto ao Ganges sussurrante,
Da
penúria cruel no horror me vejo.
Como tu,
gostos vãos, que em vão desejo,
Também
carpindo estou, saudoso amante.
Modelo
meu tu és, mas....oh, tristeza!...
Se te
imito nos transes da Ventura,
Não te
imito nos dons da Natureza.
M.M.Barbosa
Du Bocage, Sonetos. Lisboa: Bertrand, s.d.
Neste
soneto, o autor estabelece um paralelo entre a sua vida e a de Camões,
apontando várias coincidências e uma dessemelhança, a qual é:
a)
talento
artístico.
b)
estada na
Índia.
c)
saudade
da pátria.
d)
enfrentamento
dos perigos do mar.
e)
sofrimento
amoroso.