sábado, 12 de março de 2016

Atividade de História - 2 ano - Noturno - Prof. Fabiana

Atividade de História – 2 série L e M – Período Noturno – Prof. Fabiana

Leia os textos e responda as questões propostas – Data: 28/03/2016 (segunda-feira)

Obs.:- 1)  A atividade deverá ser realizada no caderno
              2) Enunciado + questão
              3) Faz parte da nota de participação.
              4) Total 10 questões

Renascimento Cultural

1 - O termo Renascimento é costumeiramente utilizado significando um súbito reviver da cultura clássica greco-romana no século XIV. Na realidade, o chamado Renascimento foi o aprofundamento de uma série de renascimentos desencadeados desde o século XI, pois a influência greco-romana se fez sentir por toda a Baixa Idade Média.
2 - A influência da cultura greco-romana sobre o Renascimento, tanto em relação aos temas de inspiração quanto às formas de composição, é marcante. No entanto, é necessário frisar que o Renascimento não repetiu pura e simplesmente a cultura clássica. Ao contrário, reinterpretou-a à luz de um nova época.
3 - Grosso modo, o homem renascentista caracterizou-se pelo individualismo, racionalismo, otimismo, naturalismo e hedonismo (paixão pelos prazeres mundanos). Essas características se contrapõem às do homem medieval, pois encarnavam a visão de mundo do burguês novo-rico, oposta à moral e a ética da aristocracia medieval.
4 - O repúdio aos ideais medievais é outra das características renascentistas. A cavalaria, uma das mais importantes instituições da Idade Média, entrou em declínio com o advento da pólvora e das armas de fogo, e seus ideais são satirizados por Cervantes na obra Dom Quixote. Maquiavel, em O Príncipe, ataca a subordinação da política à religião e o ideal de um governo com poderes limitados. Também a escolástica, filosofia da Baixa Idade Média, é repudiada no Renascimento, tanto pelos idealistas da escola neoplatônica de Florença quanto pelos realistas da escola de Pádua.
5 - O termo humanismo é originário do latim humanus e quer dizer ‘cultivado’. Em sentido amplo, o humanismo implicava a total valorização do homem e, por seu intermédio, implantava-se uma concepção antropocêntrica (homem como centro do universo) contrapondo-se ao teocentrismo (Deus como centro do universo) medieval. O homem passava a encarar-se como “medida comum de todas as coisas”.
6 - A cultura renascentista expandiu-se sob a proteção e o financiamento dos poderosos da época. Comerciantes, banqueiros, papas formavam essa elite que mantinha os intelectuais e artistas renascentistas, sendo denominados mecenas. O mecenato teria sua contrapartida na elaboração de uma cultura vinculada e comprometida com os ideais e a visão do mundo da nascente e próspera burguesia.
7 - No início do século XIV, inúmeros fatores conjugados e articulados criaram as condições para o início do renascimento cultural. Em termos gerais, trata-se do amadurecimento dos mesmos fatores que estimularam uma renovação intelectual e artística nos séculos XII e XIII.
8 - No plano econômico, o renascimento comercial reativou o intercâmbio cultural entre Ocidente e Oriente., configurando-se como principal fator do renascimento cultural.
9 - No plano social, a urbanização gerava as condições de uma nova cultura, sendo as cidades o pólo de irradiação do Renascimento. A ascensão social e econômica da burguesia propiciava apoio e financiamento ao desenvolvimento da nova cultura.
10 - No plano intelectual, a retomada dos estudos das obras clássicas greco-romanas foi de grande importância. Isso foi possível graças aos mosteiros medievais, que preservaram em suas bibliotecas muitas dessas obras, protegendo-as da destruição no período das invasões.
11- Finalmente, o aperfeiçoamento da imprensa, atribuído a Gutenberg, teve importância no século final do Renascimento (século XVI). Na verdade, não pode ser considerado um fator direto do Renascimento, porque, embora seja inovação de capital importância para a humanidade, seus efeitos só se fizeram sentir no último século desse movimento.
12- A nova cultura apareceu em primeiro lugar na Itália. Ali estavam presentes as forma mais nítida as condições gerais para o início do Renascimento. As cidades italianas monopolizavam o comércio de especiarias no Oriente, estimulando um efervescente intercâmbio cultural mediante os contatos com as civilizações bizantina e sarracena. Veneza, Pisa, Gênova, Florença e Roma dominavam o Mediterrâneo. Nessas cidades desenvolvia-se uma burguesia dinâmica, incentivadora das transformações culturais. Além disso, na Itália, a cultura clássica foi mais bem conservada que no restante da Europa Ocidental. Assim, no século XIV, foi nesse país que se iniciou o Renascimento.
13 - Tradicionalmente  é costume dividir o Renascimento Italiano em três períodos: Trecento (1300-1399), o Quatrocentro (1400-1499) e Cinquecento (1500-1550). Anteriormente ao Trecent, destaca-se um escrito italiano como precursor do Renascimento: Dante Alighieri, sua principal obra foi a Divina Comédia, que usa a língua local no lugar do latim. Além da Itália, o Renascimento se manifestou em outros países europeus, adaptando-se às condições específicas de cada lugar.
14 - No Renascimento, as ciências não tiveram um desenvolvimento tão fértil quanto as artes e as letras. Mesmo assim ocorreram alguns progressos importantes. Na astronomia destaca-se a teoria  do heliocentrismo ( Sol no centro do universo), que foi desenvolvida por Copérnico. Seu trabalho foi aprimorado por Kepler, que demonstrou a órbita elíptica dos planetas, e pelo italiano Galileu Galilei, que aperfeiçoou o telescópio. Na medicina, André Vessálio, pesquisou o corpo humano por meio da dissecação de cadáveres, Miguel Servet descobriu a circulação pulmonar pelas artérias e William Harvey completou a sua descoberta percebendo o retorno do sangue ao coração através das veias.
15 - De maneira geral, a Reforma e a Contra-Reforma impuseram o fim do Renascimento. No entanto, o racionalismo e o espírito crítico não foram sufocados; iriam reaparecer de forma muito mais contundente no empirismo inglês do século XVII e no movimento iluminista francês do século XVIII. Neste século a burguesia já estaria amadurecida para criar e impor uma cultura própria à sociedade européia.

Bibliografia

                MELLO, L. I. A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999.

Vocabulário

Súbito – rápido                  
Repúdio – negação                          
Desencadeado – iniciado                
Advento - aparecimento
Frisar – destacar                 
Satirizados – ironizados
Aristocracia – grupo dominante    
Nítida – destacada
Precursor – que deu início               
Contundente – forte
Neoplatônica – teoria filosófica que retoma o pensamento de Platão

Exercícios

01 – O Renascimento marcou o início da Idade Moderna. Indique e comente duas características fundamentais do Renascimento.
02 – Situe o Renascimento no contexto econômico, político e social de sua época.
03 – Indique os fatores que geraram o Renascimento.
04 – O Renascimento é um fenômeno primordialmente italiano, propagando-se, em seguida, por toda a Europa. Justifique as circunstâncias socieconômicas que fizeram da península italiana o berço do Renascimento.
05 –  Como se explica o declínio da cultura renascentista na Itália durante a segunda metade do século XVI?

Reforma e Contra-Reforma

Origem da Reforma e da Contra-Reforma

                A Reforma ocorreu em meio às transformações econômicas, políticas e culturais que assinalaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. No século XVI houve uma divisão na Igreja Católica, surgindo novas seitas religiosas que ficaram conhecidas genericamente por protestantes. A esse movimento deu-se o nome de Reforma. A Igreja Católica reagiu, realizando modificações internas e promovendo o movimento da Contra-Reforma.
                A Reforma originou-se das condições gerais no século XVI. A Igreja católica estava em crise. Havia um enorme abismo entre o que a Igreja pregava e o que fazia. Os membros da alta hierarquia do clero viviam luxuosamente, totalmente alheios ao povo. O voto de castidade era habitualmente esquecido, causando escândalo entre a população. Os cargos da Igreja eram vendidos a quem mais pagasse por eles. Vendiam-se, também, as “dispensas”, que eram isenções de algumas regras da Igreja ou de votos feitos anteriormente. Os negócios realizados com relíquias sagradas (objetos supostamente tocados por Cristo, Maria ou santos) não eram menos desrespeitosos. Mas o comércio de indulgências foi o abuso que promoveu maior reação. Tratava-se de documentos assinados pelo papa, que absolviam que os comprasse de alguns pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatório.
                A Igreja católica condenava a usura (empréstimo de dinheiro à juros) e o comércio, possuindo suas regras próprias relativas à produção e à atividade mercantil. Pregava o “justo preço” na venda de mercadorias, condenando o lucro desmedido. Essas teorias eram incompatíveis com o sistema econômica desenvolvido nos séculos XV e XVI. Os banqueiros inquietavam-se com a afirmação de que o comércio de dinheiro contrariava as leis divinas, os produtores e os comerciantes ressentiam-se de serem considerados gatunos por exigirem quantias maiores que o “justo preço” em suas vendas. Queriam lucro e recusavam-se a aceitar determinações da Igreja e seus negócios. A burguesia em geral buscava uma religião que não interferisse em suas atividades e que, até mesmo, justificasse sua forma de vida.
                Ao mesmo tempo, fortaleciam-se as monarquias nacionais definindo-se as fronteiras e centralizando-se o poder nas mãos do rei, o que fazia surgir um sentimento nacionalista que não existia na Idade Média. A Igreja, por possuir terras e propriedades espalhadas por toda a Europa, passou a ser considerada uma potência estrangeira. Lentamente começou a se formar uma reação contra as possessões eclesiásticas e a arrecadação de impostos ou taxas pelo clero, que os remetia para Roma. Em vários países europeus crescia o desejo de confiscar os bens da Igreja.
Lutero, Calvino e o Anglicanismo
                O movimento reformista teve características variadas conforme a realidade econômica, política e social de cada país.
                Na Alemanha, a Reforma teve início em 1517 e foi liderada por Martinho Lutero, monge influenciado pela obra de Santo Agostinho. Acreditava na predestinação, afirmando que o homem já nascia com seu destino definido. A salvação estava apenas na , e esta era um sinal da predestinação: o homem que a possuísse seria salvo após a morte. O homem se justifica apenas pela fé e está só perante Deus. Rejeitou a hierarquia religiosa, o celibato clerical, o uso do latim nos cultos religiosos e cinco dos sete sacramentos. Manteve apenas o batismo e a comunhão ou eucaristia: mesmo assim, negava que durante a comunhão pudesse ocorrer a transubstanciação (transformação do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo). Acreditava que a Bíblia era a única fonte de verdade divina e cada homem deveria interpretá-la de acordo com a sua consciência e capacidade. A ninguém caberia definir uma interpretação única do Livro Sagrado. Os camponeses, inspirados pelas idéias de Lutero e liderados por Thomas Müntzer, organizaram uma revolta contra as precárias condições de vida que levavam, foram duramente reprimidos. A repressão contou com o apoio de Lutero, demonstrando assim a sua filiação aos interesses da alta nobreza alemã. Cabe ainda ressaltar, que em 1555, foi firmada a Paz de Augsburgo, na qual ficava determinado que os súditos deveriam seguir a religião adotada pelo príncipe da sua região.
                Na Suíça, a Reforma seguiu a doutrina criada por Calvino, que radicalizou ainda mais o pensamento de santo Agostinho. Calvino reconhecia o princípio agostiniano de que o homem nascia predestinado e que se salvava apenas pela fé. Admitia também que existiam indícios dessa predestinação. Para ele, Deus organizou todas as coisas por determinação de sua vontade e atribuiu a cada um uma vocação particular, cujo objetivo era sua glorificação. Assim, o capital, o crédito, os bancos, o grande comércio seriam desejados por Deus e tão desejáveis como o salário de um trabalhador ou o aluguel de uma propriedade. O pagamento de juros seria tão natural quanto o pagamento de uma renda pela utilização da terra. Dessa maneira Calvino justificava plenamente a moral burguesa. Sua doutrina correspondia à necessidade de justificação ética que a burguesia desejava e a Igreja Católica não fornecia. Assim, o desenvolvimento da atividade comercial facilitou o surgimento do calvinismo e, este, ao mesmo tempo, impulsionou-a, na medida em que a justificava. A formação do sistema capitalista foi muito facilitada pelos valores do calvinismo, que encorajava o trabalho e o lucro, condenando os prazeres e os gastos. Dessa maneira, o dinheiro acumulado não seria desperdiçado e sim reinvestido. Na França, seus fiéis ficaram conhecidos como huguenotes, na Inglaterra como puritanos; na Escócia como presbiterianos e na Holanda fundaram a Igreja reformada.
                Na Inglaterra, a Reforma foi patrocinada pelo rei Henrique VIII, que criou a Igreja anglicana. Sua grande diferença em relação à Igreja Católica Romana residia em que a autoridade máxima dos anglicanos seria o rei e não o papa.
Contra- Reforma
                A Igreja Católica reagiu através de um movimento conhecido por Contra-Reforma. Realizou o Concílio de Trento entre 1545 e 1563, em que se reafirmaram os dogmas, depurou-se a doutrina, fundaram-se seminários, exigiu-se disciplina do clero e foi determinado o index (lista de livros proibidos). Nessa época foi cria da Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola, esta ordem, cujo os membros ficaram conhecidos como jesuítas, foram os responsáveis pela catequização dos nativos americanos. Ao mesmo tempo, foram restabelecidos os tribunais da Santa Inquisição.

Exercícios
1) A Reforma protestante (século XVI) respondia às necessidade de mudanças ideológicas (de pensamento) da época. Justifique essa afirmativa.
2) Alguns historiadores admitem conexão entre o Calvinismo e o desenvolvimento do capitalismo a partir do século XVI. Qual é essa ligação?
3)  No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, professor de teologia da Universidade de Wittemberg, afixou na porta de uma igreja daquela cidade um documento em que expostas noventa e cinco teses.
a) Que processo histórico o gesto de Lutero inaugurou?
b) Cite duas práticas adotadas pela Igreja católica condenadas por Lutero?
c) Por que se considera que esse processo histórico acabou facilitando o desenvolvimento do capitalismo.

4) O que foi a Contra-Reforma e quais as suas características.