Atividade de História – 2 série L e
M – Período Noturno – Prof. Fabiana
Leia os textos e responda as
questões propostas – Data: 28/03/2016
(segunda-feira)
Obs.:- 1) A atividade deverá ser realizada no caderno
2) Enunciado + questão
3) Faz parte da nota de
participação.
4) Total 10 questões
Renascimento Cultural
1
- O termo Renascimento é
costumeiramente utilizado significando um súbito reviver da cultura clássica
greco-romana no século XIV. Na realidade, o chamado Renascimento foi o
aprofundamento de uma série de renascimentos desencadeados desde o século XI,
pois a influência greco-romana se fez sentir por toda a Baixa Idade Média.
2
- A influência da cultura greco-romana
sobre o Renascimento, tanto em relação aos temas de inspiração quanto às formas
de composição, é marcante. No entanto, é necessário frisar que o Renascimento
não repetiu pura e simplesmente a cultura clássica. Ao contrário,
reinterpretou-a à luz de um nova época.
3
- Grosso modo, o homem renascentista
caracterizou-se pelo individualismo, racionalismo, otimismo, naturalismo e
hedonismo (paixão pelos prazeres mundanos). Essas características se contrapõem
às do homem medieval, pois encarnavam a visão de mundo do burguês novo-rico,
oposta à moral e a ética da aristocracia medieval.
4
- O repúdio aos ideais medievais é
outra das características renascentistas. A cavalaria, uma das mais importantes
instituições da Idade Média, entrou em declínio com o advento da pólvora e das
armas de fogo, e seus ideais são satirizados por Cervantes na obra Dom Quixote. Maquiavel, em O Príncipe, ataca a subordinação da
política à religião e o ideal de um governo com poderes limitados. Também a escolástica, filosofia da Baixa Idade
Média, é repudiada no Renascimento, tanto pelos idealistas da escola neoplatônica de Florença quanto pelos realistas da escola de Pádua.
5
- O termo humanismo é originário do
latim humanus e quer dizer ‘cultivado’. Em sentido amplo, o humanismo implicava
a total valorização do homem e, por seu intermédio, implantava-se uma concepção
antropocêntrica (homem como centro do universo) contrapondo-se ao teocentrismo
(Deus como centro do universo) medieval. O homem passava a encarar-se como
“medida comum de todas as coisas”.
6
- A cultura renascentista expandiu-se sob a proteção e o financiamento dos
poderosos da época. Comerciantes, banqueiros, papas formavam essa elite que
mantinha os intelectuais e artistas renascentistas, sendo denominados mecenas. O mecenato teria sua
contrapartida na elaboração de uma cultura vinculada e comprometida com os
ideais e a visão do mundo da nascente e próspera burguesia.
7
- No início do século XIV, inúmeros fatores conjugados e articulados criaram as
condições para o início do renascimento cultural. Em termos gerais, trata-se do
amadurecimento dos mesmos fatores que estimularam uma renovação intelectual e
artística nos séculos XII e XIII.
8
- No plano econômico, o renascimento
comercial reativou o intercâmbio cultural entre Ocidente e Oriente.,
configurando-se como principal fator do renascimento cultural.
9
- No plano social, a urbanização
gerava as condições de uma nova cultura, sendo as cidades o pólo de irradiação
do Renascimento. A ascensão social e econômica da burguesia propiciava apoio e
financiamento ao desenvolvimento da nova cultura.
10
- No plano intelectual, a retomada
dos estudos das obras clássicas greco-romanas foi de grande importância. Isso
foi possível graças aos mosteiros medievais, que preservaram em suas
bibliotecas muitas dessas obras, protegendo-as da destruição no período das
invasões.
11-
Finalmente, o aperfeiçoamento da imprensa, atribuído a Gutenberg, teve
importância no século final do Renascimento (século XVI). Na verdade, não pode
ser considerado um fator direto do Renascimento, porque, embora seja inovação
de capital importância para a humanidade, seus efeitos só se fizeram sentir no
último século desse movimento.
12-
A nova cultura apareceu em primeiro lugar na Itália. Ali estavam presentes as forma mais nítida as condições
gerais para o início do Renascimento. As cidades italianas monopolizavam o
comércio de especiarias no Oriente, estimulando um efervescente intercâmbio
cultural mediante os contatos com as civilizações bizantina e sarracena.
Veneza, Pisa, Gênova, Florença e Roma dominavam o Mediterrâneo. Nessas cidades
desenvolvia-se uma burguesia dinâmica, incentivadora das transformações
culturais. Além disso, na Itália, a cultura clássica foi mais bem conservada
que no restante da Europa Ocidental. Assim, no século XIV, foi nesse país que
se iniciou o Renascimento.
13
- Tradicionalmente é costume dividir o
Renascimento Italiano em três períodos: Trecento
(1300-1399), o Quatrocentro
(1400-1499) e Cinquecento
(1500-1550). Anteriormente ao Trecent, destaca-se um escrito italiano como
precursor do Renascimento: Dante Alighieri, sua principal obra foi a Divina Comédia, que usa a língua local
no lugar do latim. Além da Itália, o Renascimento se manifestou em outros
países europeus, adaptando-se às condições específicas de cada lugar.
14
- No Renascimento, as ciências não tiveram um desenvolvimento tão fértil quanto
as artes e as letras. Mesmo assim ocorreram alguns progressos importantes. Na
astronomia destaca-se a teoria do
heliocentrismo ( Sol no centro do universo), que foi desenvolvida por Copérnico. Seu trabalho foi aprimorado
por Kepler, que demonstrou a órbita
elíptica dos planetas, e pelo italiano Galileu
Galilei, que aperfeiçoou o telescópio. Na medicina, André Vessálio, pesquisou o corpo humano por meio da dissecação de
cadáveres, Miguel Servet descobriu a
circulação pulmonar pelas artérias e William
Harvey completou a sua descoberta percebendo o retorno do sangue ao coração
através das veias.
15
- De maneira geral, a Reforma e a Contra-Reforma impuseram o fim do
Renascimento. No entanto, o racionalismo e o espírito crítico não foram
sufocados; iriam reaparecer de forma muito mais contundente no empirismo inglês
do século XVII e no movimento iluminista francês do século XVIII. Neste século
a burguesia já estaria amadurecida para criar e impor uma cultura própria à
sociedade européia.
Bibliografia
MELLO,
L. I. A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999.
Vocabulário
Súbito
– rápido
Repúdio
– negação
Desencadeado
– iniciado
Advento
- aparecimento
Frisar
– destacar
Satirizados
– ironizados
Aristocracia
– grupo dominante
Nítida
– destacada
Precursor
– que deu início
Contundente
– forte
Neoplatônica
– teoria filosófica que retoma o pensamento de Platão
Exercícios
01
– O Renascimento marcou o início da Idade Moderna. Indique e comente duas
características fundamentais do Renascimento.
02
– Situe o Renascimento no contexto econômico, político e social de sua época.
03
– Indique os fatores que geraram o Renascimento.
04
– O Renascimento é um fenômeno primordialmente italiano, propagando-se, em
seguida, por toda a Europa. Justifique as circunstâncias socieconômicas que
fizeram da península italiana o berço do Renascimento.
05
– Como se explica o declínio da cultura
renascentista na Itália durante a segunda metade do século XVI?
Reforma e Contra-Reforma
Origem da Reforma e da
Contra-Reforma
A Reforma ocorreu em meio às
transformações econômicas, políticas e culturais que assinalaram a passagem da
Idade Média para a Idade Moderna. No século XVI houve uma divisão na Igreja
Católica, surgindo novas seitas religiosas que ficaram conhecidas genericamente
por protestantes. A esse movimento deu-se o nome de Reforma. A Igreja Católica
reagiu, realizando modificações internas e promovendo o movimento da
Contra-Reforma.
A Reforma originou-se das
condições gerais no século XVI. A Igreja católica estava em crise. Havia um
enorme abismo entre o que a Igreja pregava e o que fazia. Os membros da alta
hierarquia do clero viviam luxuosamente, totalmente alheios ao povo. O voto de castidade era habitualmente
esquecido, causando escândalo entre a população. Os cargos da Igreja eram
vendidos a quem mais pagasse por eles. Vendiam-se, também, as “dispensas”, que eram isenções de
algumas regras da Igreja ou de votos feitos anteriormente. Os negócios realizados
com relíquias sagradas (objetos
supostamente tocados por Cristo, Maria ou santos) não eram menos
desrespeitosos. Mas o comércio de indulgências
foi o abuso que promoveu maior reação. Tratava-se de documentos assinados pelo
papa, que absolviam que os comprasse de alguns pecados cometidos, diminuindo o
tempo de sua pena no purgatório.
A Igreja católica condenava a usura (empréstimo de dinheiro à
juros) e o comércio, possuindo suas regras próprias relativas à produção e à
atividade mercantil. Pregava o “justo
preço” na venda de mercadorias, condenando o lucro desmedido. Essas teorias
eram incompatíveis com o sistema econômica desenvolvido nos séculos XV e XVI.
Os banqueiros inquietavam-se com a afirmação de que o comércio de dinheiro
contrariava as leis divinas, os produtores e os comerciantes ressentiam-se de
serem considerados gatunos por exigirem quantias maiores que o “justo preço” em
suas vendas. Queriam lucro e recusavam-se a aceitar determinações da Igreja e
seus negócios. A burguesia em geral buscava uma religião que não interferisse
em suas atividades e que, até mesmo, justificasse sua forma de vida.
Ao mesmo tempo, fortaleciam-se
as monarquias nacionais definindo-se
as fronteiras e centralizando-se o poder nas mãos do rei, o que fazia surgir um
sentimento nacionalista que não existia na Idade Média. A Igreja, por possuir terras e propriedades espalhadas por
toda a Europa, passou a ser considerada uma potência estrangeira. Lentamente
começou a se formar uma reação contra as possessões eclesiásticas e a
arrecadação de impostos ou taxas pelo clero, que os remetia para Roma. Em
vários países europeus crescia o desejo de confiscar os bens da Igreja.
Lutero, Calvino e o Anglicanismo
O movimento reformista teve características
variadas conforme a realidade econômica, política e social de cada país.
Na Alemanha, a Reforma teve início em 1517 e foi liderada por Martinho Lutero, monge influenciado
pela obra de Santo Agostinho. Acreditava na predestinação, afirmando que o homem já nascia com seu destino
definido. A salvação estava apenas
na fé, e esta era um sinal da
predestinação: o homem que a possuísse seria salvo após a morte. O homem se
justifica apenas pela fé e está só perante Deus. Rejeitou a hierarquia
religiosa, o celibato clerical, o uso do
latim nos cultos religiosos e cinco dos sete sacramentos. Manteve apenas o batismo e a comunhão ou eucaristia:
mesmo assim, negava que durante a comunhão pudesse ocorrer a transubstanciação
(transformação do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo). Acreditava que a
Bíblia era a única fonte de verdade
divina e cada homem deveria interpretá-la de acordo com a sua consciência e
capacidade. A ninguém caberia definir uma interpretação única do Livro Sagrado.
Os camponeses, inspirados pelas idéias de Lutero e liderados por Thomas Müntzer, organizaram uma revolta
contra as precárias condições de vida que levavam, foram duramente reprimidos.
A repressão contou com o apoio de Lutero, demonstrando assim a sua filiação aos
interesses da alta nobreza alemã. Cabe ainda ressaltar, que em 1555, foi
firmada a Paz de Augsburgo, na qual
ficava determinado que os súditos deveriam seguir a religião adotada pelo
príncipe da sua região.
Na Suíça, a Reforma seguiu a doutrina criada por Calvino, que radicalizou ainda mais o pensamento de santo
Agostinho. Calvino reconhecia o princípio agostiniano de que o homem nascia
predestinado e que se salvava apenas pela fé. Admitia também que existiam indícios dessa predestinação. Para ele, Deus organizou todas as coisas por
determinação de sua vontade e atribuiu a cada um uma vocação particular, cujo
objetivo era sua glorificação. Assim, o capital, o crédito, os bancos, o grande
comércio seriam desejados por Deus e tão desejáveis como o salário de um
trabalhador ou o aluguel de uma propriedade. O pagamento de juros seria tão
natural quanto o pagamento de uma renda pela utilização da terra. Dessa maneira
Calvino justificava plenamente a moral burguesa. Sua doutrina correspondia à
necessidade de justificação ética que a burguesia desejava e a Igreja Católica
não fornecia. Assim, o desenvolvimento da atividade comercial facilitou o
surgimento do calvinismo e, este, ao mesmo tempo, impulsionou-a, na medida em
que a justificava. A formação do sistema
capitalista foi muito facilitada pelos valores do calvinismo, que
encorajava o trabalho e o lucro, condenando os prazeres e os gastos. Dessa
maneira, o dinheiro acumulado não seria desperdiçado e sim reinvestido. Na
França, seus fiéis ficaram conhecidos como huguenotes,
na Inglaterra como puritanos; na
Escócia como presbiterianos e na
Holanda fundaram a Igreja reformada.
Na Inglaterra, a Reforma foi patrocinada pelo rei Henrique VIII, que criou a Igreja anglicana. Sua grande diferença
em relação à Igreja Católica Romana residia em que a autoridade máxima dos
anglicanos seria o rei e não o papa.
Contra- Reforma
A Igreja Católica reagiu através de um movimento conhecido por
Contra-Reforma. Realizou o Concílio de
Trento entre 1545 e 1563, em que se reafirmaram os dogmas, depurou-se a
doutrina, fundaram-se seminários, exigiu-se disciplina do clero e foi
determinado o index (lista de livros proibidos). Nessa época foi cria da Companhia de Jesus, por Inácio de
Loyola, esta ordem, cujo os membros ficaram conhecidos como jesuítas, foram os
responsáveis pela catequização dos nativos americanos. Ao mesmo tempo, foram
restabelecidos os tribunais da Santa
Inquisição.
Exercícios
1)
A Reforma protestante (século XVI) respondia às necessidade de mudanças ideológicas
(de pensamento) da época. Justifique essa afirmativa.
2)
Alguns historiadores admitem conexão entre o Calvinismo e o desenvolvimento do
capitalismo a partir do século XVI. Qual é essa ligação?
3)
No dia 31 de outubro de 1517, Martinho
Lutero, professor de teologia da Universidade de Wittemberg, afixou na porta de
uma igreja daquela cidade um documento em que expostas noventa e cinco teses.
a)
Que processo histórico o gesto de Lutero inaugurou?
b)
Cite duas práticas adotadas pela Igreja católica condenadas por Lutero?
c)
Por que se considera que esse processo histórico acabou facilitando o
desenvolvimento do capitalismo.
4)
O que foi a Contra-Reforma e quais as suas características.