segunda-feira, 21 de março de 2016

Prof. Glauber - Neocolonialismo e Imperialismo do Século XIX (Material de Estudos para os Terceiros)

Neocolonialismo e Imperialismo do Século XIX

A Segunda Revolução Industrial

1ª Revolução Industrial: No século XVII, a Inglaterra promoveu duas grandes revoluções, a Revolução Puritana (1640) e a Revolução Gloriosa (1688). Com essas revoluções, a Inglaterra resolveu seus problemas com o absolutismo e colocou a burguesia no poder. A partir do século XVIII, a monarquia parlamentarista passou a priorizar o lucro individual e o desenvolvimento industrial.  Os novos investimentos aliados a posição insular (ilha), ao êxodo rural (cercamentos) e ao desenvolvimento de novas tecnologias (maquina a vapor) permitiram a Inglaterra promover a Primeira Revolução Industrial.
2ª Revolução Industrial: O grande desenvolvimento do capitalismo e da burguesia por toda a Europa expandiu a industrialização para toda a Europa, Eua e Japão. Essa expansão que vai além das fronteiras do Império Britânico ficou conhecida como Segunda Revolução Industrial.
Europa: O sucesso da burguesia inglesa com a industrialização despertou o interesse da classe em todas as regiões do mundo. Cada país europeu promoveu a sua maneira a revolução industrial, alguns em meio ao absolutismo, outros em meio a processos revolucionários. Entre os países da Europa continental a França ganha destaque. A burguesia francesa finalmente se estabiliza no poder com o Império Napoleônico (1799 – 1815) e cria as condições necessárias para o seu desenvolvimento industrial.
EUA: Após o fim da Guerra de Secessão (1861 – 1865), os EUA deram um grande salto no seu processo de industrialização. Com a vitória, o norte industrializado impôs seu projeto modernizador que aboliu a escravidão, amparou a produção agrícola e industrial, estimulou a imigração e incentivou a ocupação do oeste.
Japão: Até a segunda metade do século XIX, o Japão era governado pelos Xoguns que priorizavam a supremacia da cultura japonesa e o feudalismo samurai. A partir de 1868, uma revolução acabou com o xogunato e iniciou a Era Meiji (Era das Luzes). Com grande influência dos EUA, o Japão procurou se modernizar, investindo pesado na industrialização, na criação de infra-estrutura e na educação.
Desenvolvimento do Capitalismo: Até meados do século XIX as indústrias tinham caráter familiar e cresciam de acordo com seus próprios investimentos. Esse período é conhecido como Capitalismo Industrial. Porém, a partir de 1880, com o surgimento de novas tecnologias, a necessidade de investimentos aumentou e a produção familiar já não era suficiente. Com ajuda das instituições bancárias, criou-se um sistema de financiamentos e de mercado de ações. Começava a era do Capitalismo Financeiro. A nova política de investimentos garantiu ao período uma forte aceleração industrial.
Novas Tecnologias: Durante o século XVIII, a mecanização da produção foi impulsionada pela invenção das máquinas a vapor (James Watt, 1777). Durante o século XIX, novas tecnologias e fontes de matéria prima impulsionaram ainda mais o processo industrial.
o   O Aço: O aço é um liga metálica formada essencialmente por carbono e ferro, que é mais maleável e resistente, no entanto até a segunda metade do século XIX, a produção do aço era muito cara, limitando seu uso industrial. Em 1856, o engenheiro e inventor Henry Bressemer descobriu uma forma de facilitar e baratear a produção de aço. Até hoje o aço é uma das ligas metálicas mias utilizadas pelas indústrias.
o   Petróleo: Registros históricos mostram que o petróleo é utilizado desde a Pré-História. Civilizações antigas usavam o petróleo para pavimentar estradas, calafetar construções e iluminar casas. No império Romano, a petróleo era usado em flechas incendiárias. Em 1850, o químico escocês James Young desenvolveu o refino de petróleo a partir do carvão mineral e do xisto. Desde então, o petróleo foi progressivamente substituindo o carvão mineral em vários processos industriais.
o   Motor de Combustão Interna: Em 1858, o engenheiro Belga Étienne Lenoir inventou o primeiro motor a combustão interna que transformava energia térmica em energia mecânica. Durante a década de 1870 o motor foi aperfeiçoado e passou a ser fonte motriz de varais máquinas e equipamentos. Inicialmente, os motores usavam gás natural. Aos poucos a combustão passou a funcionar a base da gasolina e óleo diesel (petróleo).
o   Dínamo: Inventado em 1871 pelo inventor belga Zénobe Gramme, o dínamo era capaz de transformar a energia mecânica em energia elétrica. No inicio do século XX a eletricidade popularizou-se e passou a ser cada vez mais utilizada nas fábricas, nos transportes e na iluminação pública.
o  O Automóvel: Entre os séculos XVII e XIX, vários inventores buscaram adaptar a máquina a vapor a carruagens buscando revolucionar o transporte. No entanto, somente após a invenção do motor a combustão interna que a construção do automóvel foi possível. Em 1885, O alemão Karl Benz (Mercedes-Benz) conseguiu adaptar uma carruagem ao motor de combustão criando assim o primeiro automóvel moderno.
o  O Telefone: a invenção do telefone é geralmente atrubuida ao escocês Alezander Graham Bell que patenteou a invenção em 1876. No entanto, o telefone foi inventado pelo italiano Antonio Meucci em 1860. A Invenção facilitou a comunicação entre povos e a circulação de informações.
·  A Concorrência Industrial: A expansão da Segunda Revolução Industrial gerou uma grande concorrência entre grandes e poderosas empresas. Dessa concorrência resultaram a formação de cartéis, trustes e holdings. As associações empresariais formaram grandes Oligopólios que se transformaram em empresas transnacionais.
o    Truste: Associação de empresas de um mesmo ramo que se fundem com o objetivo de controlar os preços, a produção e o mercado.
o   Cartel: Agrupamento de empresas independentes que estabelecem acordos ocasionais com o propósito de dividir o mercado e combater os concorrentes.
o    Holding: Empresa que controla uma série de outras empresas, do mesmo ramo ou de setores diferentes, mediante a posse majoritária das ações dessas empresas.
o   Oligopólios: Damos o nome de oligopólio a uma situação, na economia capitalista, em que poucas empresas têm o controle da maior parte do mercado.

o    Transnacionais: Grandes empresas com filiais em diversos países.

O Imperialismo e o Neocolonialismo

Disputas por Colônias e Áreas de Influência: A partir de 1880, as grandes potências capitalistas dividiram entre si a maior parte das terras do pleneta. Grã-Bretanha, França, Bélgica, entre outros, protagonizaram uma expansão colonial em terras da África e da Ásia. A essa fase do desenvolvimento do capitalismo ficou conhecida como Imperialismo ou Neocolonialismo.
Oportunidades de Investimentos: As formações dos oligopólios europeus criaram grandes riquezas para os industriais que buscavam espaços para ampliar seus investimentos. Assim, África e Ásia representavam um possibilidade para a aplicação de capitais excedentes em obras como, por exemplo, a construção de ferrovias.
Mercados Produtores de Matérias Primas: As novas colônias também representavam uma nova fonte de matérias primas como carvão, petróleo, ferro e cobre., essenciais para o desenvolvimento industrial.
Mercados Consumidores de Manufaturados: O principal fator que motivou a expansão das grandes potências capitalistas foi a busca por novos mercados. Na Europa, o crescimento industrial provocou uma concorrência acentuada e a queda nos preços, levando muitas empresas à falência.
Ouro e Diamante: A África sempre foi reconhecida pela riqueza de suas pedras preciosas. O ouro e o diamante africanos também atraíram o imperialista europeu, que via na exploração desses recursos uma possibilidade de enriquecer.
Rápida Expansão: O neocolonialismo foi realizado em uma velocidade espantosa. Em 1880, quando o neocolonialismo foi iniciado, 10% da África estava sob controle dos europeus. Boa parte desses 10% ainda era reflexo do colonialismo dos séculos XV e XVI. Em 1890, 90% das terras africanas já estavam sob domínio europeu.

Teorias Racistas do século XIX

“O Fardo do Homem Branco”: O neocolonialismo era visto como uma missão civilizadora para os homens europeus. O europeu considerava todos que viviam fora da europa como populações atrasadas que precisavam do homem branco para ajudá-las a se desenvolver.
o       “Tomai o fardo do homem branco! / Acabaram-se seus dias de criança / O louro suave e ofertado / O louvor fácil e glorioso / Venha agora, procura sua virilidade / Através de todos os anos ingratos / Frios, afiados com a sabedoria armada / O julgamento de sua nobreza”.  Trecho do poema “o fardo do homem branco” de Rudyard Kipling, publicado em 1898.
·   Racismo Científico: A ciência européia buscava explicar a “superioridade da raça branca européia” sobre as demais populações do mundo. Uma dessas teorias envolvia a craniometria, pesquisa que dizia ser o humano tão mais inteligente quanto o tamanho do seu crânio. AS teorias racistas continuaram a ser desenvolvidas mesmo após o fim do período neocolonialista e foram usadas por Hitler para justificar a superioridade da raça ariana anos mais tarde.
Justificativa para o Imperialismo: As teorias científicas racistas e o pretenso “fardo do homem branco” serviam às potências capitalistas como justificativa para sua exploração sobre as demais regiões do mundo.

A Conferência de Berlim (1885)

Tensões na Europa: A corrida Imperialista gerou muitas tensões entre os países europeus e sua empresas. Algumas potências queriam manter seu império (como Grã-Bretanha e França) enquanto outras queriam expandir suas posses (como Alemanha e Itália).
Conferência de Berlim (1885): Para aliviar as tensões na Europa, os países imperialistas propuseram uma conferência com o objetivo de aliviar as tensões e estabelecer as regras para a prática imperialista.
A Partilha Afro-Asiática: Ao fim da conferência, a África foi partilhada entre os países imperialistas, no entanto, França e Inglaterra continuaram com a maior parte das terras, mantendo as tensões na Europa.