segunda-feira, 21 de março de 2016

Prof. Glauber - O Renascimento (Séculos XIV a XVI) - Material de estudos para 2° D,E,F,G,H,I e K.

O Renascimento (Séculos XIV a XVI)

A Idade Média (V a XV d.C.)

  • Invasões Germânicas e Islâmicas: As invasões germânicas que derrubaram o Império Romano do Ocidente e o advento do Islamismo no oriente próximo cercaram a Europa. Sem saída, o europeu se isolou em seus castelos e feudos.
  • Feudalismo: Sistema político, econômico e social predominante da idade média baseado nas relações entre os servos (camponeses) e os senhores feudais (nobres). Os servos trabalhavam nas terras do senhor feudal em troca de proteção contra os ataques de povos externos (germânicos e muçulmanos) e internos.
  • Comércio Limitado: A insegurança gerada pelas invasões isolou os europeus no interior dos feudos, as rotas comerciais não eram mais seguras. Assim, o comercio se tornou algo limitado a poucos viajantes que se aventuravam a trocar seus produtos de feudo a feudo.
  • Teocentrismo: O ideal religioso ditado pela Igreja Católica determinou o pensamento teocentrico, ou seja, Deus está no centro de todas as coisas.
  • Religiosidade sobre razão: O pensamento teocentrico ditado pela igreja limitou a busca pelo conhecimento aos mosteiros e às igrejas. Assim, os principais filósofos europeus da idade media surgiram do meio religioso, como por exemplo São Tomás de Aquino e Santo Agostinho.
Renascimento Comercial e Urbano

  • Cristianização dos Germânicos: Influenciados pela cultura greco-romana, os povos germânicos passaram a se converter ao cristianismo. O primeiro rei germânico a assumir a religiosidade cristã, foi Clóvis I, rei dos Francos, em 496 d.C. A partir de então, os francos passaram a combater outros povos germânicos acelerando o fim das invasões germânicas sobre a Europa. Em constante expansão, o reino franco se transforma em um império que ficou conhecido como Império Carolíngio.
  • Cruzadas: Além de expandir o cristianismo pela Europa, o Império Carolíngio conseguiu parar o avanço Islâmico sobre o continente. Com a ajuda dos francos, o papa Urbano II organizou as Cruzadas com o objetivo de reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém. Ao todo foram nove cruzadas realizadas entre os séculos XI e XIII. Mesmo com o fracasso da maioria das cruzadas, os mulçumanos foram empurrados para fora da Europa, liberando a navegação do Mar Mediterrâneo para os europeus.
  • Crescimento Agrícola e Populacional: Com o fim das invasões, a população européia cresce, além disso, novas técnicas agrícolas aumentam a produção de alimentos nos feudos.
  • Crescimento Comercial (Renascimento Comercial): Sem as constantes invasões, as rotas comerciais no interior da Europa voltaram a se movimentar e o excedente de alimentos passou a ser comercializado fora dos feudos. Além disso, com o Mar Mediterrâneo aberto à navegação européia os mercadores conseguiam trazer especiarias do oriente movimentando ainda mais o comércio.
  • Do Feudalismo para o Capitalismo: A movimentação comercial modificou as relações de trabalho existentes até então. Durante a era feudal, a relação entre o senhor e o servo era rígida e não visava lucro. O ideal capitalista trouxe uma concepção individualizada onde o comerciante, outrora ignorado, visa o trabalho pelo lucro e o lucro para si.
  • Renascimento Urbano: O sistema feudal com sua rigidez, não suportava o crescimento populacional europeu, portanto, em busca de oportunidades fora do feudo, cada vez mais pessoas buscavam a vida nas cidades, impulsionadas pelo avanço comercial.
  • A Itália: Devido ao seu território projetado sobre o Mar Mediterrâneo, a Itália se tornou um dos principais pontos de chegada dos produtos orientais. Assim, as cidades italianas foram as primeiras a desenvolver o pensamento renascentista, tanto comercial e urbano, quanto artístico e científico e a Itália ficou conhecida como o Berço do Renascimento. Dentre as cidades que se destacaram pelo pensamento renascentista estão Florença, Genova e Veneza.
O Renascimento Cultural e Científico

  • A Burguesia: O sistema feudal tinha suas classes sociais bem definidas (servos, nobres e clérigos). Com o surgimento do capitalismo e o desenvolvimento comercial e urbano, os comerciantes ganharam um grande poder econômico e sua presença já não mais podia ser ignorada, assim, surgiu uma nova classe social conhecida como burguesia (de burgos, cidade em alemão).
  • Mecenato: Sem poder político ou religioso, a burguesia precisava demonstrar a superioridade do seu poder econômico, portanto, passou a ostentar suas riquezas através da arte e da ciência patrocinando grandes nomes da época como Leonardo Da Vinci e Michelangelo. A Pratica se tornou comum até mesmo entre os nobres e membros do alto clero.
  • Características do Renascimento Cultural:
    • Classicismo: Para os pensadores renascentistas, o pensamento medieval que priorizava a religiosidades em detrimento da razão (Teocentrismo) criou uma era apelidada de “Idade das Trevas”, ou seja, uma era sem produção de conhecimento que deveria ser ignorada pelas gerações futuras. Assim, os Renascentistas buscavam inspiração na época anterior a idade das trevas, a época clássica da cultura greco-romana.
    • Humanismo e Antropocentrismo: Em contraponto com o pensamento medieval que colocava Deus no centro de todas as coisas, os renascentistas criaram o conceito do Antropocentrismo que coloca o Homem no centro de todas as coisas. Mesmo assim, os pensadores renascentistas, em sua maioria, não abandonaram a sua religiosidade, mas sim, consideravam o homem como a maior criação divina.
    • Racionalismo: Durante a idade média, praticamente tudo era explicado através da vontade divina, esse pensamento incomodava os renascentistas que passaram a buscar explicações racionais desenvolvendo a ciência.
    • Capitalismo: O ideal de lucro individual sobrepôs o pensamento feudalista de trabalho coletivo, assim, a busca pelo lucro formou um novo sistema político, econômico e social conhecido como capitalismo. Em busca de lucros, os europeus passaram a emprestar dinheiro a Juros (cobrança pelo tempo), algo que era proibido pela Igreja Católica.
    • Hedonismo: Os humanistas consideravam o homem como a maior criação divina existente, assim, essa criação especial tinha direito a prazeres que eram negados pelo ideal religioso da idade média, a proposta era contrariar o conceito de pecado.
    • Naturalismo: Os renascentistas buscavam retratar a natureza assim como ela é, ou seja, retratar homens, animais e plantas da maneira mais fiel possível. Essa característica estimulou o estudo da anatomia humana, da botânica e da veterinária.
Pensadores e Artistas Renascentistas

Literatura

  • Dante Alighieri (1265-1321) – Escritor, autor da obra A Divina Comédia. Alighieri inovou tratando da questão da vida após a morte escrevendo em italiano (não em latim como era costume), retratando figuras da época e destacando seus defeitos.
  • Giovanni Boccaccio (1313-1375) – Escritor, autor da obra realista Decameron. Na obra Boccaccio retrata vários sentimentos humanos como o amor e o ciúme consumados em atos carnais.
  • Nicolau Maquiavel (1469-1527) – Escritor que descreveu sua vida política na obra O Príncipe. A essa obra é atribuído o pensamento maquiavélico, “os fins justificam os meios”, apesar de Maquievel não ter escrito a frase em seu livro.
  • Erasmo de Roterdão (1466-1536) – o teólogo holandês escreveu a obra “Elogia da Loucura”, em 1511, onde satiriza os abusos e a corrupção dentro da igreja católica. A obra é vista como uma das primeiras críticas que levaram a reforma protestante.
  • Gil Vicente (1465-1536) – O dramaturgo português questiona em suas obras a ordem social herdada da idade média. Em 1517 escreveu a obra conhecida como “O Auto da Barca do Inferno” onde satiriza a sociedade portuguesa do século XIV. Em suas obras, o autor questiona a ordem social herdada através da idade média.
  • Luís Vaz de Camões (1524-1579) – O poeta português desenvolveu uma narrativa lírica e épica, que adota elementos greco-romanos (classicismo). Sua principal obra, Os Lusíadas, foi publicada em 1572 e retrata o período das grandes navegações (Séculos XV ao XVI).
  • Miguel de Cervantes (1547-1616) – Dramaturgo espanhol que satirizou o romantismo e o ideal de cavalaria medieval. Sua obra mais influente é “Dom Quixote de La Mancha”, publicada em 1605, que conta a história da triste figura de Dom Quixote e suas fantasias medievais.
  • William Shakespeare (1564-1616) – Dramaturgo Inglês especialista em sátiras, tragédias e romances históricos. Até hoje, Shakespeare é considerado o maior escritor da história da Inglaterra. Entre suas principais obras estão “Hamlet” (1601), “Romeu e Julieta” (1595) e “Sonho de Uma noite de Verão” (1594).
Arte

  • Giotto Di Bondone (1267-1337) – Considerado pelos próprios renascentistas como o precursor do estilo na pintura. Através da perspectiva, Giotto sempre destacava o homem em suas obras além de humanizar figuras religiosas.
  • Sandro Botticelli (1445-1510): Pintor que mesclava elementos clássicos (greco-romanos) e cristãos.
  • Leonardo Da Vinci (1452-1519): Talvez o maior nome do renascimento, o pintor Leonardo Da Vinci, excedeu os limites da pintura e foi também cientista e inventor. Contribuiu para diversas áreas do conhecimento como a física, a anatomia, a botânica, a geologia e a matemática. Entre seus inventos estão protótipos de maquinas voadoras que se assemelhavam ao helicóptero. Na pintura, Leonardo envolveu suas obras de mistério com jogos de luz e sombra, com a técnica do esfumaçamento e com as expressões misteriosas.
  • Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564): Escultor, pintor e arquiteto, que tem entre suas principais obras a estátua de Davi e a Capela Sistina no vaticano. Era Conhecido como o “poeta do corpo” pela perfeição com a qual retrava o corpo humano, tanto na escultura, quanto na pintura.
  • Rafael Sanzio (1483-1520): Pintor que utilizou os conhecimentos acumulados do Renascimento para produzir obras perfeitas, ficou popular entre os mecenas se tornando pintor oficial de muitas famílias ricas. Em suas obras buscava atingir o equilíbrio emocional das personagens.
Ciências

  • Nicolau Copérnico (1473-1543) – O astrônomo polonês criou a teoria heliocêntrica que colocava o sol como centro da galáxia, contrariando a teoria geocêntrica defendida pela igreja católica.
  • Galileu Galilei (1564-1642) - O cientista italiano desenvolveu o método científico baseado na criação de hipóteses o na busca de experimentos que comprovem a hipótese.
  • Andreas Vesalius (1514-1564) – Médico belga que estudou profundamente a anatomia humana.
  • Johannes Kepler (1571-1630) – Astrônomo alemão que formulou as três leis da mecânica celeste: Lei das Órbitas Elípticas, Lei das Áreas e Lei dos Tempos.