"A Venda de Indulgências" por Jörg Breu (Alemanha, 1530)
- A maior
senhora feudal: Durante a Idade Média a Igreja católica atingiu seu
apogeu, transformou-se na maior senhora feudal, acumulou uma enorme
riqueza e controlava a Europa politicamente e socialmente. A vida do alto
clero era cercada de luxo e ostentação.
- Renascimento
X Igreja: O pensamento renascentista criticou duramente o ideal Teocentrico
da idade média, além disso, o avanço da ciência colocava em cheque vários
dogmas da igreja.
- Burguesia X
Igreja: A igreja condenava o lucro individual e era contra a cobrança
de Juros, assim, a burguesia constantemente entrava em conflito com a
Igreja católica.
- Nobreza X
Igreja: O poder político e social da igreja incomodava alguns setores
da nobreza. Alguns nobres queriam tomar as terras da igreja para expandir
seus territórios e vários reis buscavam diminuir o poder do papas para
aumentar a sua própria autoridade (Monarquias Nacionais).
- Igreja X
Igreja: Ainda no século XIV, vários membros da igreja denunciavam
abusos de poder, imoralidades e casos de corrupção que ocorriam nos
mosteiros e igrejas. Alguns desses casos se tornaram práticas tão
freqüentes que praticamente se tornaram dogmas da igreja.
- Venda de
Indulgências: A Igreja passou a vender o perdão divino aos seus fieis,
alguns nobres e burgueses chegavam a comprar lotes de terras no paraíso
como uma forma de garantir sua salvação e vida eterna.
- Culto a
“Relíquias Sagradas”: Para motivar os fiéis a igreja começou a criar
inúmeras “relíquias sagradas”. As relíquias poderiam ser desde um osso do
dedão de um santo até uma lasca da madeira da cruz onde Cristo foi
crucificado. Segundo alguns pensadores renascentistas, se a igreja
juntasse todas as lascas da suposta cruz de Cristo, ela seria capaz de
construir a arca de Noé. As relíquias também eram vendidas a preços
exorbitantes rendendo em mais divisas para a igreja.
- A Venda de
Cargos Religiosos: Os cargos religiosos podiam ser comprados.
Geralmente nobres compravam cargos para seus filhos que não tinham direito
a herdar suas terras. Como resultado, o clero em geral era extremamente
despreparado conhecendo pouco, ou nada, a respeito da Bíblia.
Martinho Lutero (1483 - 1546)

- Monge germânico
ligado a ordem dos agostinianos
(Santo Agostinho), que pregavam a salvação pelo destino e pela graça
divina.
- Salvação
pela fé: Lutero pregava que a salvação não poderia ser alcançada por
méritos humanos ou por “boas ações”, mas somente pela fé.
- 95 Teses de
Lutero (1517): Em 1517, Lutero pregou na porta de sua igreja 95 teses
que criticavam duramente a igreja católica. As teses foram escritas em
alemão para que todo o povo germânico conseguisse ler. As teses criticavam:
- As indulgências
- As vendas de cargos religiosos.
- O despreparo e de vários clérigos.
- A vida desregrada de vários sacerdotes.
- Apoio da
burguesia: A burguesia apoiou Lutero, pois queria um clero menos
intransigente e mais aberto às mudanças propostas pelo capitalismo.
- Apoio da
nobreza: Vários nobres queriam tomar as terras da igreja, portanto,
apoiaram Lutero.
- Apoio
popular: Os camponeses viam a igreja como uma exploradora que os
forçava a pagar dízimos com o dinheiro que não tinham.
- A Excomunhão:
O papa Leão X exigiu que Lutero se retratasse de suas teses, no entanto, o
monge não se retratou e foi excomungado pela igreja (expulso). Lutero
deveria ser morto pela inquisição, no entanto, vários nobres protegeram
Lutero e garantiram ao ex-monge um julgamento, onde foi absolvido. Mesmo
assim, Lutero foi expulso do Sacro Império Romano Germânico por pressão do
papa.
- A Doutrina
Luterana: Após a sua expulsão Lutero foi abrigado por nobres de outras
terras interessados em diminuir o poder da igreja católica. No exílio,
Lutero escreveu as doutrinas pelas quais várias religiões protestantes baseiam
seu dogma. Entre as doutrinas luteranas estão os seguintes conceitos:
- Salvação
pela Fé: Somente a fé salva, não importa as boas ações de uma pessoa.
- Tradução da
Bíblia e do Culto Religioso: A bíblia é vista como a única fonte
confiável em relação a palavra divina, assim, a sua tradução é necessária
para a compreensão do povo. Para aumentar essa compreensão, Lutero define
que os cultos religiosos deveriam ser ministrados na língua nativa.
- Fim do
Celibato: Lutero defende que não há na bíblia fundamentos para o
celibato (proibição do casamento para clérigos). O próprio Lutero se casa
em 1525 com Catarina von Bora (1499 – 1552), freira católica que Lutero
ajuda a fugir do convento.
- Proibição
ao culto a Ídolos: Lutero condena o culto às imagens e às relíquias
sagradas.
- Dois
Sacramentos: A Igreja católica criou sete rituais para transmitir a
graça divina aos fiéis (batismo, crisma, eucaristia, penitência, unção,
ordem e matrimônio). Para Lutero, apenas dois sacramentos poderiam
conferir a ligação do fiel com Deus, o Batismo e a Eucaristia (santa
ceia).
- Consubstanciação:
Lutero negava a transubstanciação católica que
transforma o pão e o vinho no corpo de cristo. Em seu lugar propôs a
consubstanciação que considera o pão e o vinho como as bênçãos sagradas.
Religiões Protestantes
- Igreja
Luterana: Criada por Lutero, a igreja Luterana seguia a risca a
doutrina proposta por seu criador. Em geral, os fiéis do Luteranismo eram
nobres alemães descontentes com o poder político da Igreja Católica.
- Igreja Anabatista:
As propostas de Lutero geraram um movimento radical conhecido como
Anabatismo. Os anabatistas acreditavam na volta de Cristo em pessoa para
combater o mal e instituir o Reino de Deus com duração de 1000 anos. Após
o final desse período aconteceria o Juízo Final. Os anabatistas defendiam
também a igualdade entre todos, chegando a propor a distribuição igual de
riquezas e terras e o fim da propriedade privada. As propostas anabatistas
atraíram os camponeses que começaram a exigir a abolição da servidão e a
posse comunitária da terra. Com o apoio de Lutero, tropas militares
reprimiram brutalmente o movimento, matando milhares de pessoas e os
líderes anabatistas.
- Igreja
Calvinista: A Igreja católica condenava o lucro e usura (juros), desse
modo, a burguesia precisava de novos parâmetros morais, econômicos e
religiosos que legitimassem a obtenção de lucro e a exploração do trabalho
assalariado. As idéias luteranas levaram a Suíça a uma guerra civil (1531)
entre conservadores e reformistas. O conflito cessou quando as partes
fizeram um acordo dando a cada região o direito de escolher sua religião.
Em 1536, um teólogo francês e defensor do luteranismo chamado João Calvino publicou seus estudos
que reafirmavam as propostas de Lutero e destacavam a teoria da predestinação
do individuo a salvação. Calvino pregava o rigor da disciplina, a
valorização moral do trabalho e da poupança, para Calvino, o êxito
econômico era um sinal de predestinação a salvação. As teses de Calvino
deram aos burgueses uma justificativa para suas atividades. Portanto, a
igreja calvinista fez grande sucesso entre os burgueses de toda a Europa
especialmente na Inglaterra (puritanos), Escócia (presbiterianos) e França
(huguenotes).
- Igreja
Anglicana: Em 1527 o rei Inglês Henrique VIII pediu ao papa
Clemente VII a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão (Espanha),
porém, diante da negativa do Papa, o rei inglês assumiu o controle da igreja na
Inglaterra. Em 1534, Henrique VIII proclamou o Ato de Supremacia, colocando-se
como líder da Igreja Anglicana podendo nomear os bispos e determinar quais
seriam os dogmas da igreja. Por essas ações, o rei inglês foi excomungado. Em
1536, o Henrique VIII confiscou as terras da igreja na Inglaterra e as vendeu a
comerciantes, nobres e fazendeiros, ganhando o apoio de nobres e burgueses para
a igreja anglicana. Durante o reinado de Elizabeth I, a igreja anglicana adotou
características do calvinismo.
|